08/06/2008

texto 01 = "Por que você não acredita em Deus?"


Como é típico da minha pessoa, extrai a minha verdade do lugar mais improvável de encontrá-la. No caso, da pergunta fundamental que serve de amparo a todo teista:
Qual é a origem de tudo?
[R: Deus. É claro!]
Sim, é verdade. Num momento raro de lucidez enxerguei a essência intrinsecamente ateísta impregnada no bojo dessa questão, considerada irrevogável e incombatível.
A História reveste de verdade minha afirmação, se não vejamos: no inicio, os primórdios da raça humana organizavam-se em grupos intrinsecamente politeístas. Existia o Deus Fogo, Deus Sol, Deus Água, Deus da Colheita e quantos outros mais que bastassem para justificar a existência de tudo que estivesse à margem da compreensão daqueles seres. E não é necessário voltar tanto tempo na história, os próprios gregos com seu extenso rol de deuses, tem entre eles, a Deusa da Justiça, Deusa do Amor e muitos outros.
Por que tantos deuses? A resposta é uma só: quando uma coisa esta além da compreensão do ser humano, este, demasiadamente prepotente e arrogante para admitir sua ignorância e impotência diante do desconhecido, atribui como causador imediato de tal coisa uma teoria mirabolante ou a vontade de um Deus, ambos criados por ele próprio.
É o método mais cômodo para se livrar de um problema!
Mas ao longo da história descobriram que o fogo é o resultado da combustão e o Deus fogo caiu por terra. Descobriram ainda que a fartura das colheitas se devia a um conjunto favorável de elementos como: tipo de solo, clima e cultura apropriada, daí o Deus das colheitas também caiu por terra. Descobriram que o sol não era um Deus, mas apenas um astro dentre bilhões de outros no universo.
Ao longo da evolução, todos os deuses perderam suas utilidades práticas, pois o conhecimento científico foi desmistificando suas atividades, até então tidas como inalcançáveis, com exceção de um: aquele que deu origem ao universo e, consequentemente, tudo que nele há.
Esse é o ponto derradeiro onde à obscura arrogância humana culmina em duas vertentes totalmente antagônicas, todavia, igualmente defeituosas.
A primeira delas é a da comunidade cientifica que na tentativa de satisfazer o próprio ego, inventou a alegórica teoria do Big Bang e uma porção de outras explicações superficialmente fundamentadas, baseadas apenas em suposições e experimentadas com mecanismos imprecisos e limitados, inventados por eles próprios, a maioria deles satélites de lata que não percorrem nem uma fração do universo. Não é possível que o homem, criatura que, apesar de racional, utiliza apenas 10 por cento de sua capacidade cognitiva, tenha condições de responder sobre algo tão grandioso.
Acredito que o homem esta muito longe de descobrir a verdade, se é que há alcançara um dia, por conta própria.
Talvez quando utilizarmos os outros 90% da capacidade do nosso cérebro, tenhamos plenas condições de esclarecer esse assunto, se um dia isso acontecer é claro!
Já tentou imaginar a inexistência do universo? Tente! Alguns responderiam de pronto: não existiria nada! Ok, Mas esse ‘nada’ estaria onde? Que cor teria? Que espaço ocuparia? Inevitavelmente a idéia de espaço físico é necessária, ou seja, ainda que você apague o universo da sua mente, o que haveria depois?
Como vemos, a inexistência do universo é, sim, algo inimaginável!
Com certeza, o estudo pela busca da origem é importante e necessária, pois ela faz parte do nosso processo evolutivo e, nessas circunstancias, a teoria do Big Bang, sim, tem seu valor, mas admiti-la como verdade absoluta e crer fielmente na sua existência, é um erro.
Mas ainda sim em escala de valores, ela prescinde aos da segunda vertente.
Trata-se da corrente teista, dos que acreditam que a origem de tudo se deu graças a um único Deus, soberano, unipotente, uniciente, unipresente e, juiz infalível.
Admitir tal idéia é negar todo o legado histórico deixado por nossos antepassados. É negar a própria História, como ciência que busca o aprimoramento de nossos conhecimentos; disciplina que permite-nos refletir sobre as transformações que operam em nossa sociedade através da análise das estruturas econômicas, ideológicas, religiosas, políticas, sociais e etc.
Mais que isso, trata-se de erro imperdoável, pois os religiosos de outrora, nossos ancestrais primórdios, não tinham condições cognitivas e, nem os gregos tinham condições tecnológicas para conhecer a finco aos acontecimentos/fenômenos aos quais atribuíam divindade. Hoje em dia, temos o exemplo deixado por eles, nos quais temos de pautar nossas vidas para não incutir nos mesmos erros.
Mas os teistas insistem em teimar na existência do Deus que originou todas as coisas.
Analisemos: na hipótese de virmos a conhecer a verdade sobre a origem de tudo através de um evento (físico) extraodinário cujos detalhes não interessam a esses escritos, e que essa verdade fosse revelada a todos e não deixasse duvidas quanto a sua veracidade. O Deus atual não teria mais razão de ser, não teria mais razão de existir.
A história mostra-nos isso, e, nessas circunstancias, admitir um Deus como provedor do universo é admitir, implicitamente, o ateísmo em nossas vida, pois ele existe apenas para suprir essa lacuna atemporal na vida dessas pessoas, um remendo para tapar a incompreensível necessidade de se ter resposta exato pra tudo.
Quanto a origem do universo e de todas as coisas que nele há!? Ignoro completamente, e torço para que o evento extraordinário aconteça enquanto eu estiver vivo, todavia, não o espero.

[rh.19.04.2008.17:30]

imagem: http://rpgmassacre.blogspot.com.br/2012/10/debatendo-ateismo-por-rodolfo-cesar.html