22/02/2008

MINHA VIDA NÃO TEM TÍTULOS !



Tenho amigos que já tem metas estabelecidas para quase toda a vida, minuciosamente arquitetadas e já postas em execução. Eu, como não poderia deixar de ser, não consigo me imaginar daqui dez anos, não consigo me imaginar, se quer, daqui a dez semanas, pois os que lá estarão (se estiverem, e eu espero que estejam) não serei eu.

Claro que tenho objetivos a alcançar, mas eles não tem tempo certo, nem data marcada para acontecer. Bolhas de sabão que nunca se sabe a hora do estouro. Direciono-me rumo aos caminhos que considero como sendo os mais apropriados para alcançá-los, minha vida é uma grande caravela (grande somente em função do entusiasmo de falar de si próprio, para si próprio) navegando no infinito oceano do tempo (de onde não podemos sair). Cada vento é uma novidade para se experimentar e eu escolho cuidadosamente qual deles se servira da minha vela. Uns virão mais fortes, outros mais duradouros, o importante é escolher sempre aqueles que estiverem na direção dos meus sonhos.


Fazer dessa trajetória um martírio irrevogável e exclusivo, como seguir uma estrada em linha reta ignorando as placas, a paisagem e os que acenam pedindo carona, é um risco de dois invariáveis resultados: a glória e a libertação da auto-escravização pela busca do objetivo consumado, como vencedor heróico, conquistador da própria vida; ou o fracasso, de peso tão grande que faz afundar mar adentro e se perder a deriva do tempo.

Além do mais, daqui dez anos essas bolhas de sabão poderão ter tomado outras formas, refrangido novas cores, encantado novos olhares, pois só se tornarão sólidas quando meu rosto aparecer refletido nelas, só então se tornarão pontos de referência no meu mapa.


Se eu não fosse tão entusiasmado, talvez conseguisse me programar para pelo menos até dezembro desse ano.


[rh.18.02.08.22:50]

17/02/2008

CÃES SEGUROS


Cidadãos sul-mato-grossenses, não há mais o que temer, pois os ferozes cães que habitam nosso Estado agora deverão ser registrados e segurados por seus donos contra eventuais danos que eles possam nos causar.


Sinto-me muito mais seguro agora sabendo que se encontrar pelo caminho um Pit Bull e ele resolver me atacar, arrancando pedaços da minha carne com suas poderosas mandíbulas e eu tiver a sorte de sobreviver, receberei uma quantia em dinheiro para poder pagar o cirurgião plástico consertar meu corpo desfigurado.

A prevenção, estimulada pelo medo evidente, é um mecanismo protetor instintivamente presente não apenas no homem, mas em todas as espécies, os filhotes da coruja, por exemplo, não saem da toca até que tenham tamanho suficiente para não serem devorados por um predador. Graças a esse recurso, muitas espécies garantiram sua sobrevivência ao longo da evolução, até agora.

Pelo que parece, nossos legisladores são desprovidos desse instinto natural, ou perderam-no ao longo de suas carreiras políticas. Justamente eles, que representam esse mecanismo protetor para repelir o medo da sociedade, decidiram na última semana por tomar uma medida reparativa em vez de uma preventiva.

Por obvio que o correto seria evitar que os cães violentos atacassem as pessoas e não, como quis nossa Assembléia Legislativa, reparar os danos por eles causados com o ataque já consumado. Não estamos tratando aqui de bens materiais, como casas ou carros, que podem ser reconstruídos, mas de vidas, nossas vidas, a vida de nossos filhos.

A lei promulgada beira ao ridículo, ela determina ainda o uso de focinheiras, enforcadores e que tais animais não poderão permanecer em locais públicos se não quando estiverem acompanhados por pessoas maiores de 18 anos. Todavia, os ataques, diuturnamente noticiados pelos jornais, só acontecem quando o dono displicente deixa o portão de casa aberto e a fera, faz de vítima sempre a primeira pessoa que encontra pelo caminho. Seu filho teve o rosto dilacerado pelo Rottweiller do vizinho? Não se preocupe, o seguro cobre o conserto!

O porte de armas é negado a todos, tendo você ou não condições (financeiras, morais, psicológicas, etc.) para possuir uma. Assim deveriam ser tratados esses cães de grande porte, pois não são todos os criadores que possuem as mesmas condições para criá-los em suas casas. Sou a favor, da mesma forma que das armas, do banimento desses animais da nossa sociedade.

[rh.17.02.08.09:53]

06/02/2008

DENTRO E FORA DE MIM

Às vezes começo a escrever por impulso, sem se quer ter uma linha de idéia para escrever. Uma força...não, força não...uma vontade incontrolável de tornar tudo palavra e depois em versos, sem parar...as vezes essa vontade é tão forte que mal consigo acompanhar o ritmo que ela me impõe...Perco-me em pensamentos que se formam ao acaso, pela simples junção de todas as palavras que transbordam da minha cabeça e escorrem dos meus dedos para a caneta e da caneta pro papel. Uma vontade de me escrever, cada centímetro, esculpindo meus sentimentos letra a letra e registrando como máquina fotográfica tudo que me resume num instante. Muitas coisas ate nem fazem sentido, outras, porem, eu descubro apenas na releitura, mas por algum motivo, especial ou não, essa vontade me toma de assalto e minha boca enche d´água, ansioso por escrever mais e mais. Como aquelas chuvas de verão que caem em plena tarde quente e logo param. Escrever impulsivamente e ininterruptamente é algo que raramente se faz. A necessidade por escolher e lapidar a idéia até ficar no formato da palavra que se deseja e ainda modelar o verso para que dê o sentido desejado, consome tempo preciso e, muitas vezes, não se atinge o resultado esperado. A eloqüência digna apenas dos verdadeiros escritores é uma luz rara, como a aurora boreal...é estrela cadente que alegra apenas os que as vêem cortando o céu....nas minhas modestas palavras, forjada a alto custo cognitivo e ainda sim, longe de ter o brilho de um texto verdadeiramente valioso ou a raridade de uma estrela cadente, é a minha mais profunda exteriorização do meu eu, o que acontece em momentos como esse, em que regurgito sem brechas para a interferência do pensamento....com uma espontaneidade digna apenas de um bebê e sua divina inocência, o pensamento agrega valores, pregam preconceitos e padronizam as idéias. Parece-me muito razoável que eu continue a escrever apenas assim, com pressa, como quem monta um quebra cabeça sem ter a certeza de que esta encaixando as peças nos lugares certos. Tanto já escrevi sobre a necessidade de se fazer compreender e tanto já sofri por causa disso...e quantas horas de minha vida dediquei aos outros e não a mim...me fazer entender era questão imprescindível que merecia destaque até mesmo a frente da idéia que pretendia escrever. Quando se escreve rapidamente, sem se importar com o resto, se escreve sem terá certeza do que realmente se esta escrevendo. Estou farto de tanta parcimônia, quem quiser que compreenda da maneira que bem entender...enquanto meus escritos forem feios apenas para satisfazer minha vontade incontrolável de escrever...nada devo a quem quer que seja. Pois bem...é estranho lembrar das tantas vezes que por horas a fio aguardei inspiração ou motivação para escrever e não rara foram as vezes em que nenhuma gota se quer de idéia me veio em tais momentos...o problema esta no pensamento, em todas as vezes, pus o pensamento em primeiro lugar....não se chega a lugar nenhum pensando, eu penso para dirigir ou ligar o computador, coisas que faço por simples repetição, diferente da escrita, não se escreve varias vezes a mesma coisa, as idéias devem sem livres, elas saem do fundo da cabeça, onde o subconsciente me manda pra fora de mim o tempo todo, e vem, da mesma forma, do mundo exterior, me estimulando pra dentro de mim o tempo todo...e eu não sei pra onde ir.

[rh tendo fluxo de consciência.06.02.08.21:10]