07/11/2009

À PROVA DE TUDO


Olhando assim esse cara branquelo, franzino e de aparência comum nem de longe você acharia que esse sujeito é um dos mais corajosos do mundo.

Seu nome é Bear Grylls, protagonista da série À PROVA DE TUDO da Discovery.

Sem sombra de dúvidas o sujeito mais 'cabra-macho' que conheço, pois se submete a situações tão extremas [tanto do ponto de vista físico, quanto psicológico] e perigos tão mortíferos, que um ser-humano normal seria incapaz de sequer se arriscar a fazer.

Claro, estamos falando de um programa de TV, e como em todos os programas, existe um roteiro e tudo é programado pra dar certo no final, todavia, nesse não há dubles, nem efeitos especiais, e por ser gravado em ambientes hostis em varias partes do globo, Grylls e sua equipe estão vulneráveis as condições do terreno, tempo, fauna e flora desses lugares, fatores que distanciam muito a teoria da prática de um roteiro idealizado.

Quem é corajoso suficiente para enfrentar porcos selvagens utilizando só um canivete e uma corda, ou ser picado por abelhas africanas e continuar gravando um programa de TV, ou descer sem cordas uma arvore de 30 metros, ou ainda, comer vermes e tomar suco de cocô de elefante, quem tem coragem de atravessar nadando um rio com temperaturas negativas, ou se jogar de um desfiladeiro?? Estes são apenas alguns exemplos do que o homem à prova de tudo é capaz de fazer.

Grylls faz jus ao nome do programa, sou seu fã, e por isso ele merece um espaço no meu blog.


[rh.07.11.09.20:44]


15/09/2009

Musa


Sim, ela existe.

Seu nome é Dita Von Teese.

Verdadeiro estandarte de luxúria e erotismo.

Não tenho palavras pra descrever... só contemplar.

Confira mais no site: http://www.dita.net/top.php

PS: certamente mais uma que nasceu na época errada.

[rh.14.09.09.00:12]



24/07/2009

10 dicas para escrever melhor


A maior dificuldade quando se vai escrever um texto é saber por onde começar, depois de muito apanhar por causa dessa dúvida, comecei a procurar soluções alternativas que terminaram por dar bastante certo e facilitaram minhas produções. Ai vão as dez maneiras que eu classifiquei como as mais importantes [pelo menos pra mim] na hora de escrever:

  1. Não se preocupe em iniciar o texto na exata ordem cronológica dos fatos ou seqüência correta dos temas sobre os quais você esta disposto a escrever, inicie pela primeira idéia que vier a cabeça, mesmo que ela seja a última coisa a ser abordada. Lembre-se que o mais importante é começar por algum lugar.
  1. Faça pequenos parágrafos, um para cada idéia nova que for surgindo, ainda que sejam correlatas. Mais tarde, quando já tiver vários deles, você adapta todos, num verdadeiro trabalho de edição, unindo os que tiverem de ser unidos e vice versa.
  1. Num primeiro momento não se preocupe em escrever corretamente ou utilizando um vocabulário rebuscado. Escreva com fluidez, apenas traduzindo as idéias para o papel. Depois você volta reescrevendo da maneira que julgar melhor.
  1. Não tenha vergonha de escrever coisas absurdas e discrepantes. Eu sei, nossa imaginação ilimitada às vezes nos surpreende com idéias que, num primeiro momento parecem ser totalmente descabidas e, então, usualmente descartamos todas elas de imediato, o que é um erro, pois na grande maioria das vezes, se acolhermos as tais idéias e tentarmos adequá-la, observa-la sob um novo enfoque, dando a ela uma nova cor... Você pode se surpreender com uma novidade extremamente valiosa para o seu texto.
  1. Utilize toda sua bagagem de conhecimentos, experiências pessoais, pesquise no Google coisas que possam ser úteis e não tenha medo de fantasiar [não se for um texto técnico, é claro!]. Utilize de todos os instrumentos que possam viabilizar a criação de analogias, metáforas dentre vários outros elementos estilísticos que possam enriquecer seu texto.
  1. Não se preocupe em explicar tudo nos mínimos detalhes [mais uma vez: a não ser que seja um texto técnico!], isso também custa muito tempo, tanto para quem escreve quanto para quem lê. Importante frisar que, os ‘detalhes’ de que me refiro, são aqueles óbvios, os quais o leitor tem plenas condições de subentender. Os detalhes imprescindíveis à compreensão do texto, ao contrario, devem ser enaltecidos.
  1. Não se preocupe com o tamanho do texto, mas sim com o tamanho da eloqüência do seu texto.
  1. Pergunte-se: qual a reação que quero provocar nas pessoas?[se for o caso]. Releia o texto depois de pronto e avalie se atingiu seu objetivo.
  1. Não perca muito tempo pensando no que vai escrever, na medida em que você dá continuidade novas idéias vão surgindo em seqüência, umas melhores outras piores, mas o importante é que você tenha a ciência de que se não parar de escrever, essa seqüência só tende a continuar e isso só ampliará e facilitará suas opções no trabalho final de edição e formatação.
  1. Por fim, se nada adiantar, procure ter vários Fluxos de Consciência, e se você por acaso descobrir como se faz isso, por favor, não deixe de me contar. ;)
Espero que este breve tutorial possa ajudar aqueles que, assim como eu, sofrem com as mesmas dificuldades.
[rh.23.07.09.00:36]
imagem: http://modelodecurriculo.org/

12/07/2009

Discípulos de Narciso


Eu sei que tem gente que acha que escrevo por pura vaidade, perdendo tempo atualizando Twitter’s, recantos e blog’s da vida...pra que? Quer perda de tempo maior que essa?
Só sei que escrevo por necessidade, uma válvula de escape pra compensar a pressão que o meu silêncio provoca em mim mesmo... minha cabeça é uma panela de pressão onde as idéias e opiniões vão se acumulando, acumulando...acumulando... já que não consigo dize-las [corretamente], escrevo o mais rápido que posso... se vão ler ou não, pouco me importa... escrever não tem função prática nenhuma, que não essa... e se os que lerem gostarem do que escrevi, fico feliz... e se não gostarem, fico feliz também.
Ter uma opinião formada é o mais importante [não sei ainda pra quem, mas pretendo descobrir isso mais pra frente]... por isso respeito os que acham que esse espaço é o meu LAGO DE NARCISO particular.

[rh.12.07.09.21:59]

imagem: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/de/Michelangelo_Caravaggio_065.jpg/250px-Michelangelo_Caravaggio_065.jpg

05/07/2009

BuddyPoke?...eu passo.


Perguntaram-me por que eu não fiz um BuddyPoke (aquele avatar do Orkut).

E respondo: qualquer semelhança entre o bonequinho e o Bastardo Amarelo (filme Sin City) é mera coincidência?...duvido! hahaha


[rh.05.06.09.00:35]

Pyramid Song

Esse é um dos meus vídeo-clips favoritos, não apenas por ser do Radiohead (sou suspeito pra falar deles), mas pelo belíssimo trabalho gráfico de animação e de direção do vídeo, que só poderia ser concebido por quem tem uma sensibilidade artistica aguçada.
Num cenário inicial apocalipticamente inóspito, nebuloso e monocromático, o mergulho é como olhar um álbum de fotografia antigo e reviver as emoções daqueles momentos. O mergulho é nostalgia se materializando em ação positiva, indo cada vez mais fundo em busca do que não deveria ter sido perdido. Retorno ao encontro do que não deveria ter sido deixado pra trás.
O cuidado com que o mergulhador tem ao chegar a casa, mesmo estando livre para nadar sobre os obstáculos, fez questão de abrir o portãozinho, como nos velhos tempos, repetir os velhos hábitos, faz parte da viagem. A casa desorganizada com sapatos jogados pela sala, da à nítida impressão de que ali ainda tem vida, pessoas ainda se movimentam por ali, como se tudo fosse muito recente, muito palpável.
O mergulhador ajeita delicadamente a cadeira junto à mesa de jantar, ainda disposta para servir quem tivesse fome, como se as pessoas tivessem prestes a se reunir ao seu redor, como se fosse um dia normal, como se ele não tivesse dúvida de que deveria estar ali.
E, finalmente, a poltrona da sala, um reencontro... Sentir-se novamente protegido, certo de estar em casa e poder relaxar, ao menos por um segundo, gozando do conforto de não precisar chegar a mais nenhum outro lugar. Apenas aproveitando o momento de nãoque fazer mais nada e ter a convicção de que não deveria estar em outro lugar que não aquele.
A plenitude da felicidade, na sua forma mais pura e substancial. Felicidade verdadeira, aquela que aquece por dentro e forma no rosto um sorriso honesto e, na mente, um contentamento permanente, como pequenas luzes colorindo um céu desesperançoso.
Mais impressionante é saber que todo esse texto enorme cabe dentro de apenas uma única frase: “there was nothing to fear and nothing to doubt”.
[rh.05.06.09.19:25]


Pyramid Song (Radiohead)
I jumped in the river and what did I see?
Black-eyed angels swam with me
A moon full of stars and astral cars
All the things I used to see
All my lovers were there with me
All my past and futures
And we all went to heaven in a little row boat
There was nothing to fear and nothing to doubt
I jumped into the river
Black-eyed angels swam with me
A moon full of stars and astral cars
And all the things I used to see
All my lovers were there with me
All my past and futures
And we all went to heaven in a little row boat
There was nothing to fear and nothing to doubt
There was nothing to fear and nothing to doubt
There was nothing to fear and nothing to doubt.

imagem:[http://www.mtv.pt/noticias/Reportagem-Optimus-Alive-12-Dia-3/]
vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=s2VzLn6DMCE

30/06/2009

Já tive uma vida simples...




Lembro-me da casa dos meus avós, gostava de ir pra lá principalmente aos domingos, dia em que a família se reunia [como todas as famílias] e eu podia brincar com meus primos. Lá tinha galinhas, cachorros, passarinhos, frutas esperando para serem colhidas... Um lugar que, apensar de ser apenas uma casa dentre outras da cidade, tinha essa atmosfera bucólica e interiorana.

Eram os últimos anos da década de 80, a expectativa de uma vida melhor que a nova Constituição Federal criara, amenizava o sofrimento daqueles que ainda tinham feridas abertas pela ditadura; a Xuxa vivia seu apogeu no reino dos baixinhos; a URSS definhava em silêncio e a guerra fria finalmente se amornava; Leonel Brizola, Luiz Inácio Lula da Silva e Chico Mendes tinham sonhos bons; a moda escalafobética [definição emprestada de Rogério Skylab] adornava os cabelos e as roupas da juventude com um colorido incompreensivelmente descombinante; a Argentina ainda festejava a conquista da Copa de 86...

Mas nada disso importava. Quando se tem cinco anos de vida tudo que se deseja é não perder os pais de vista, ir pra casa da avó aos domingos e esperar o dia de Natal e o Dia das Crianças.

A casa dos meus avós era muito modesta, simples como a própria vida daquele casal. Logo na entrada tinha um pé de Jambo que ofertava aos visitantes uma sombra aconchegante. Jambo é uma frutinha de sabor previsível que eu achava muito engraçado porque a associação de seu nome com a do Rambo [sim, ele mesmo... o do filme, meu ídolo de infância] era sempre inevitável, mesmo ele nunca tendo comido Jambo nas selvas do Vietnã ou descansado a sombra de uma árvore daquelas.

O interior da casa tinha um cheiro úmido de moveis velhos de madeira; suspenso sobre o portal de acesso a cozinha tinha um relógio de madeira imenso, ele era marrom e parecia ser mais velho que seus próprios donos, na sua parte inferior havia um pendulo e eu punha-me a observá-lo, curioso, já que não sabia ver as horas dos ponteiros, me contentava apenas em olhar seu movimento infinito. Ao meio dia em ponto ele badalava, como uma máquina do tempo que rasgava o dia ao meio com aquele som metálico ecoante, como um sino de igreja de algum vilarejo.

Na cozinha tinha um armário verde-claro e uma pequena mesa de madeira, lembro-me de que todas as superfícies que fossem minimamente planas eram forradas com tecidos bordados ou pintados, cuja beleza estava muito mais no fato de serem extremamente limpos e delicadamente dispostos para ornamentar, do que pelo luxo dos tecidos ou beleza das estampas.

Lembro-me que havia uma pequena varanda na frente da casa, onde uma cadeira de balanço convidava os visitantes a se balançar. Lembro-me também de ter comido muitas vezes macarronada com pasteis de carne.

Gente simples, num lugar simples comendo comida simples... A vida parecia simples, assim como reunir todas aquelas pessoas ao redor daquele casal simples.

Só muito tempo depois que o Seu Romualdo e a Dona Mercedes morreram é que percebi que nada foi simples, custou muito esforço deles cultivar o pé de Jambo, criar todos os filhos, erguer aquela casa e manter todos unidos por tanto tempo dentro dela.

Hoje, não existe mais nada do que eles construíram e, a vida, esta mais complicada do que nunca.


[rh.30.06.09.01:51]

foto: acervo da família (Comemoração das Bodas de Ouro).

23/06/2009

Curau de milho


nunca entendi o por que desse nome....se só existe curau de um tipo: o de milho.

...o fato é que quando servi o doce, veio pendendo a beira da colher um verme branco [meio amarelado], comprido e com aparência saudável....uma descarga de adrenalina fez meu estomago girar ao contrario e, antes de cuspir o que já havia mastigado, dei uma segunda olhada [mais clínica] e percebi que não se tratava de um verme...mas sim de um fio de cabelo de milho disfarçado de verme....eu já devia saber.
...por isso não confio em comidas que tem cabelo.

[rh.22.06.09.00:49]

21/06/2009

Balanço poético: meus sem textos


Não, não escrevi errado não, é ‘sem’ mesmo, no sentido de ‘insuficiência/carência, e isso se deve as minhas publicações que adentraram a casa centesimal.

Essa semana eu publiquei meu centésimo texto no Recanto das Letras, como eu não tinha nada melhor pra escrever, nem idéia mais criativa pra trabalhar, tratei desse tema mesmo. Alias, quase todos os meus escritos nasceram dessa forma [ por não ter nada melhor sobre o que falar], prova de que sou apenas um especulador no mundo literário, alguém que, por pura vaidade, escreve as vezes, quando da vontade. O problema é que essa vontade, às vezes irremediável, esta sempre presente.

Sobram-me idéias ruins, se pudesse reciclá-las como são feitos com as latas ou papeis velhos, transformando-as em algo útil, talvez tivesse melhores resultados.

Será que é possível reciclar a própria idéia? Misturá-la com outras cores, fragmentar em pedaços menores, fundi-la no calor das emoções. Prensa-la até que se torne apenas uma única palavra?

Não sei se é possível, pelo menos eu não consigo. O mais próximo que chego disso é quando reutilizo as idéias acumuladas no fundo da minha cabeça, como num grande ferro velho.

Quando comecei, em 2007, incentivado pela minha amiga poetisa Carmem Lúcia, de quem sou fã, lancei os textos que já tinha pronto e que jaziam no fundo das gavetas da escrivaninha.

Meus cem textos...quem diria, não achava que fosse atingir essa marca em tão pouco tempo...tudo bem que desse total não se salva nem dez por cento que valha a pena ser lido. Mais uma prova de que a inspiração não pode ser aprendida/adquirida, ela é tão espontânea como o ato de piscar os olhos ou dizer atim durante o espirro.

Imaginem se eu fosse como Lispector, que acordava junto ao raiar do Sol, horário em que escreveu os melhores textos de sua vida, ou se não, como Pessoa, que tinha Fluxos de Consciência com a mesma freqüência com que eu respiro, ou, ainda, Arnaldo Antunes, que com duas chacoalhadas de cabeça enquanto olha pro teto é capaz de formular uma frase brilhante. E nem preciso ir muito longe, no Recanto mesmo, há autores formidáveis, como por exemplo, a Rosangela Aliberti e o Zé Bezerra o Asa de Águia, além de muitos e muitos outros que me fugiram o nome agora, que escrevem infinitamente melhor do eu. Invejo todos eles...mais admiro do que invejo, confesso.

Enfim, estaria mentindo se dissesse que não me preocupo com a qualidade dos meus textos, mas pouco posso fazer sobre isso. Não sou um cara orgulhoso, sei bem das minhas limitações e, mais importante, convivo bem com elas. Não me incomoda o fato de meus textos não serem ótimos textos, já me satisfaz só o fato de escrevê-los.

Escrevo por necessidade, não me considero um poeta, nem cronista, nem contista, apenas um escrevedor que corre por esses estilos [com pressa] e esta sempre a um passo da sonhada inspiração, por isso deixo meus escritos lá, para que se assentem no tempo, entre os bits e os pixel’s, engordando as estatísticas do Recanto.

Meus cem textos são sem textos, se comparados com todos os outros que ainda pretendo escrever, enquanto puder fazê-lo.

[rh.21.06.09.20:16]

14/06/2009

Milena [depoimento de uma solteira no dia dos namorados]


O dia doze sempre me trouxe um gosto amargo...frustração invencível que me tortura lentamente ao longo das vinte e quatro horas desse dia. Eu, sempre independente, segura, bem resolvida com meu ego, profissionalmente realizada... não tenho motivos pra passar por isso...tenho?!


Se ainda fosse uma adolescente até entenderia [as garotas sempre fantasiam uma novela onde protagonizam um relacionamento perfeito], mas acontece que já sou bem crescidinha, madura, experiente no trato com homens e seus artifícios sorrateiros de sedução. Logo eu, que nunca deixei me abater ao final dos relacionamentos, na maioria das vezes terminados por mim mesma.

Mas o dia doze de junho já começa a me afetar, incompreensivelmente, no final do mês de maio, e é impossível evitar o pensamento otimista de que talvez, quem sabe, antes dele chegar, eu possa encontrar alguém que, como nos sonhos de adolescente, fizesse do meu dia dos namorados um conto de fadas, com direito a presentes, jantares regados a vinho e palavras românticas [daquelas que jamais se ouve dos caçadores de sexo que espreitam nos bares e boates de final de semana].

Não presentear ninguém no dia dos namorados deveria ser pra mim tão normal quanto não presentear crianças no dia das crianças ou os pais [já que não tenho mais o meu], mas toda vez que passo na frente de uma vitrine fico imaginando qual daquelas roupas serviria de belo presente pro namorado que não tenho.

A tristeza consome meu humor, como incenso esfumaçando dentro de casa. Dia dos namorados é um dia pra ir à locadora e escolher filmes de ação, terror ou comédia [jamais comédias românticas], chamar outras amigas, assim como eu, encalhadas, e comprar comida deliciosa suficiente pra compensar a solidão.

Funciona como uma terapia de grupo, reunindo pessoas que padecem do mesmo problema, você tem a falsa impressão de consolo, ainda que isso jamais seja dito entre nós, o sentimento de não ser a única a lamentar nesse dia minimiza o sofrimento, e todas nos sabemos disso.


Hoje sai com o Carlos, ele é um cara legal, atencioso, gentil, seria uma ótima opção pra preencher a vaga, mas o problema é que amanhã já é o dia dos namorados e seria bom demais pra ser verdade se ele me ligasse antes do dia treze.


[rh.11.06.09.11:09.fc]

10/06/2009

NEIDE DUARTE


Há tempos queria escrever sobre ela, que é, sem sombra de dúvidas, uma das poucas profissionais que se destacam com ênfase no jornalismo nacional, de quem, nós brasileiros, devemos nos orgulhar.

Acredito que o imediatismo da notícia, muitas vezes provocado pelo curto tempo disponibilizado pelas emissoras aos jornalistas para criarem algo mais elaborado e enriquecedor aos olhos de quem esta do outro lado da telinha, certamente é um gravame, que, infelizmente, torna a reportagem um produto descartável, que a gente pega da TV, usa e depois esquece. Com a restrição do tempo, a capacidade criativa de quem elabora a reportágem é cerceada na mesma proporção, gerando consequentemente, um empobrecimento da qualidade da imprensa televisiva como um todo.

Na contramão dessa realidade, Neide Duarte se destaca, pois sempre busca em suas matérias uma abordagem diferente sobre o assunto a ser tratado, não raras às vezes acabando por surpreender os mais atento. Com uma voz inconfundivelmente serena e acolhedora, ela conduz suas reportagens sem pressa, ainda que resumidamente, fala com tranqüilidade, quase recitando seu texto, diferentemente dos demais que se vê habitualmente, regurgitando todas as informações de uma só vez, de forma quase industrial.

Acredito que a objetividade, que é parâmetro para se estruturar a reportagem, apesar de infalível é demasiadamente pobre. Afirmo (na qualidade de mero especulador) que a inteligibilidade do que se propõe a apresentar na matéria pode ser conseguida com abordagens alternativas (como por exemplo: sob um ponto de vista incomum, mas intimamente pertinente ao assunto, ou ainda, utilizando-se recursos estilísticos para valorizar o trabalho, como metáforas, poesias e etc.) sem perder de vista o fim último (informar o telespectador), mas sendo criativo e inovador. E é isso que a Neide procura fazer.

Primorosas são as diversas reportagens que tive a oportunidade de assistir, a maioria delas elaboradas com uma roupagem poética, onde ela trata do assunto sem ambições, quase que abstratamente, expondo a realidade material do 'objeto' da matéria e do seu conseqüente reflexo no tempo/espaço existencial, induzindo o interlocutor a reflexão posterior do assunto.

Famosa pelo engajamento social manifesto em grande parte de seu trabalho, inclusive nos livros de sua autoria, recebeu inúmeros prêmios por sua obra e, quanto a mim, sou apenas um fã que dedicou essas breves e modestas linhas a essa repórter incrível que tanto admiro.



[rh.10.06.09.01:00]



conheça mais sobre Neide Duarte:

http://frutosdobrasil.ning.com/video/para-os-frutos-do-brasil

http://www.promenino.org.br/Ferramentas/DireitosdasCriancaseAdolescentes/tabid/77/ConteudoId/2aefbacc-3714-4bd9-8bc3-0039b3de7797/Default.aspx

01/03/2009

O Direitor de Duas Cabeças


Essa semana finalmente completei a obra dos Irmãos Coen (Joel Coen e Ethan Coen, conhecidos profissionalmente por "Irmãos Coen”, ganharam por quatro vezes o "American Filmmakers" Academy Award. Por mais de vinte anos, esse par tem escrito e dirigido numerosos filmes de sucesso, desde comédias (O Brother, Where Art Thou?, Raising Arizona, The Hudsucker Proxy) até filmes policiais (Miller's Crossing, Blood Simple, The Man Who Wasn't There, No Country for Old Men), e filmes que combinam os dois gêneros (Fargo, The Big Lebowski, Barton Fink e Burn After Reading). Os irmãos escrevem, dirigem e produzem seus filmes juntos,embora recentemente Joel recebeu um crédito particular por direção e Ethan por produção. São conhecidos no negócio de filmes como "O diretor de duas cabeças"por compartilharem visões similares sobre seus filmes. Se atores chegarem em qualquer um dos irmãos com uma questão, provavelmente receberão a mesma resposta.)¹, fui tomado por um misto de alegria (por, finalmente, ter visto todos os filmes) e tristeza por saber que não tenho mais disponível na locadora mais um exemplar inédito pra eu poder assisitir.

Meu primeiro contato com os Coen foi em meados do ano passado, quando, pulando de canal em canal, me deparei com uma cena, no mínimo, pitoresca: três presidiarios sendo transportados por um monobloco ferroviário de tração manual (cujo nome desconheço completamente), guiado por um velho cego, numa linha de trêm que se perdia no horizonte de uma tarde ensolarada. Além de ficar encantado com a belíssima fotografia, fiquei instigado por aquele episódio, no mínimo, incomum. Éra o filme “E aí, meu irmão, cadê você?!”, que já loquei na semana seguinte, para poder assistir na íntegra.

As comédias, que compilam a obra, variam de uma linha tênue e sutil, passando pelo humor macabro, debochado até os verdadeiros paspalhões, porem, odos eles preservam sempre uma mensagem subjetiva que subsiste por de tras dos personagens, ou além deles.

A medida em que fui conhecendo os filmes, percebi que sempre haviam personagens incomuns, fossem no papel principal, fossem como coadjuvantes. Personagens instigantes que, de alguma forma, produziam um suspense em torno de si próprios.

A preocupação em deixar o filme o mais próximo possível da realidade tambem é outro fator a se destacar. Não apenas os atores e o enredo, mas a despreocuação em não tornar o filme uma sequencia racionalmente lógica e previsivel de fatos que culmine de forma objetiva num determinado resultado desejado. Existe sempre uma segunda estória se desenrolando paralelamente ao foco da ação principal, ou se não, uma expectativa de que exista essa segunda estória. A perspectiva com que se inerpreta o filme muda na medida em que novos personagem surgem, fatos inesperados ocorram.

Mas a maior caracteristica dos filmes é a fuga dos padrões Hollywoodianos, a ausência daquela mesmice previsível que só se consegue assistir enchendo a boca de pipoca. A ampla valorização dos elementos artísticos que compoem o filme, como um todo, desde a fotografia, passando pela iluminação, efeitos especiais e etc. Tudo é sempre cuidadosamente feito e preparado para se atingir o mais alto nivel de qualidade. Cada um desses elementos reforsa a carga sujetiva da atmosfera em que os personagens evoluem no enredo.

Depois de Igmar Bergman², nenhum outro cineasta me surpreendeu tanto quanto os Coen, o “cineasta de duas cabeças”. Convido a todos que apreciam cinema de verdade, a assistirem os filmes desses caras e, enquanto isso, espero ansiosamente pelo próximo.

Os meus preferidos são: Onde os fracos não tem vêz; Fargo; Barton Kink; E aí, meu irmão, cadê você?; e O homem que não estava lá.


[rh.01.03.09.21:40]



¹ http://pt.wikipedia.org/wiki/Joel_e_Ethan_Coen
² http://pt.wikipedia.org/wiki/Ingmar_Bergman

Filmografia:
2008 -
Queime Depois de Ler
2007 -
Onde os Fracos Não Têm Vez
2006 -
Paris, je t'aime
2004 -
The Ladykillers
2003 -
Intolerable Cruelty
2001 -
The Man Who Wasn't There
2000 -
O Brother, Where Art Thou?
1999 -
The Big Lebowski
1996 -
Fargo
1994 -
The Hudsucker Proxy
1991 -
Barton Fink
1990 -
Miller's crossing
1987 -
Raising Arizona
1984 -
Blood Simple
(fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Joel_e_Ethan_Coen#Filmografia)

29/01/2009

Vai mais refresco aí?

Sentir tristeza é bom, faz a gente lembrar que somos tão vulneráveis quanto os outros que sofrem, e rimos deles, alheios, indiferentes. Mas agora eu sou o Fausto da vez, devem estar rindo de mim aos montes.

Meu pai costuma dizer que pimenta nos olhos dos outros é refresco, nunca dei importância pra isso até meus olhos começarem a arder. Não sinto raiva, aceito tudo como quem confessa um crime, mereço passar por isso.

Auto-piedade!? nunca foi meu forte, lamentações só servem pra oferecer mais refresco a platéia. Cada um sabe qual é a pimenta que lhe arde mais, no meu caso, ela tem nome, endereço e telefone.

O superego, a essa altura, grita desesperadamente, berra ao pé do ouvido:
- VINGANÇAA!!!!! Vamos fazê-lo sofrer também, vamos mostrar pra ele!!!

Mas não, já sou um homo sapiens bem crescidinho, essas coisas instintivas deixo pros meus ancestrais, eles ao menos tinham porretes e podiam usá-los sem problema.

Além do mais, a dor volta cedo ou tarde, no dia seguinte, quando ouço aquela musica, quando vejo alguém rindo, ela é como uma sombra inconveniente atrapalhando minha visão, cheiro de cigarro grudado no cabelo.

A noticia boa é que tristeza passa, sai com o tempo, como um dente de leite que cai e quando você menos espera, já não tem mais do que se lamentar.

[Rh.28.01.09.11:23]


imagem: http://www.blogsoestado.com/marciohenrique/2012/07/17/pimenta-nos-olhos-dos-outros-e-refresco/


15/01/2009

Antes isso aqui era só mato!


Qualquer campo-grandense com menos de 30 anos já deve ter ouvido essa frase pelo menos umas mil vezes durante a vida. A urbanização da capital sul-mato-grossense acontece em larga escala e se intensificou nos últimos anos. Lugares em que há pouco tempo só tinham sítios e chácaras onde às galinhas até ousavam ciscar pelas ruas, foram engolidos pelo asfalto, loteamentos e prédios.

A única coisa que pouco mudou foram seus habitantes. A cultura intrinsecamente ruralista, forjada pela tradição agropecuária visceralmente presente em todas as nuances do plexo social é um óbice para a plena percepção e materialização do conceito de urbanização na vida das pessoas.

Em outras palavras, aquela típica mentalidade interiorana, bucólica e despreocupada, presente nas cidades pequenas onde todos se conhecem e tudo é perto (e insuficiente), já não tem mais lugar na realidade em que vivemos. Certamente é uma herança dos tempos em que éramos apenas um feudo do reino Cuiabano.

O crescimento da cidade, consequentemente, impôs um ritmo de vida mais acelerado aos seus habitantes, que, além das longas jornadas de trabalho, ainda precisam enfrentar diuturnamente filas e mais filas a fim de prover o cotidiano com as necessidades mais elementares. Exemplo mais notório disso é o fato de que não se faz mais compras em mercadinhos e mercearias, mas em mega-lojas multinacionais onde se encontra de tudo, até borracharias.

O trânsito, que foi sobrecarregado pela entrada de milhares de novos veículos nos últimos anos, todos eles disputando cada centímetro de asfalto, obrigou o redimensionamento do tráfego para proporcionar mais fluidez e segurança. O aumento do número de veículos arrastou consigo outras estatísticas, tais como o aumento da violência, acidentes e de carros roubados.

A expansão horizontal da cidade tornou o transporte público deficiente e tudo mais distante, desencadeando no surgimento natural de novos centros. A região das Moreninhas é apenas um dos vários exemplos desse fenômeno, que já estão espalhados por todo o perímetro municipal, o qual não para de expandir.

Regiões onde há pouco mais de dez anos eram consideradas sem qualquer valor comercial, algumas delas que até serviam como aterro sanitário, reduto de todo o lixo da cidade, hoje estão em alta no mercado imobiliário, a maioria acomodando luxuosos complexos residenciais.

Em Campo Grande você já pode jogar golfe, aprender mandarim e até terceirizar a organização do seu guarda-roupa ou, o desenvolvimento humano do seu quadro de funcionários, se tiver uma empresa. Quem imaginava ter a chance de poder usufruir dessas coisas até pouco tempo?

Interessante é que de cada cinco pessoas com quem converso pelo menos três delas não nasceram aqui, mas vivem e trabalham neste chão, ironicamente, raros são os nativos desta terra por aqui. Acredito que é graças a essa mistura de pessoas, culturas, diferentes tipos de brasileiros (vindos de toda parte) interagindo é que tem contribuído em demasia para a formação de uma identidade própria do povo campo-grandense.

Hoje as galinhas não ousam mais se aproximar das ruas, onde havia mato agora crescem a urbanização e o campo-grandense tenta, com modesto sucesso, acompanhar o mesmo ritmo.


[rh.15.01.09.00:21]

imagem:https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ4olBsio9FQ_gI9nUyWRn8r6r_dnjvVEbyU-AGoXqYMsFWMQsaxg

08/01/2009

Críticas Autodestrutivas em Prol do Autor


Há pouco tempo atrás me flagrei lendo os textos que já havia publicado, sim, meus próprios textos, e pior, não apenas lendo, admirando-os (a maioria deles) e sentindo-me orgulhoso dos prestigiosos comentários que se seguiam.


Senti a mesma vergonha que uma criança arteira sente quando é descoberta no silêncio que precede a arte, injustificável, proposital. Repreendido pelo meu adulto, confessei-me culpado e arrependido.


Não cabe ao autor ler ou reler quando o escrito já esta lançado ao mundo. O texto é como um manufaturado de argila, seu artesão, durante o processo criativo, investe suas idéias, que são únicas, moldando , retorcendo, alongando, até que consiga forjar totalmente na massa aquela idéia primária. Depois que a peça sai do forno ela não é mais singular, ela volta a ser maleável, contextualizada, passível de interpretação, estando à mercê da criatividade de todos os olhos que a consumirem.


O texto pós-publicação deixa de ser do autor, passando a ser apenas informação para o leitor formar sua opinião. Não pode o autor tentar extrair algo do texto que ele mesmo criou, consumindo a si próprio para gerar novas idéias.


É preciso abandonar os textos, por maior dor que essa separação provoque, principalmente daqueles cuja dedicação se estende por horas, muitas vezes até dias para ser completado. O afeto e carinho entre criador e criatura é deveras grande e inevitável. O texto é um filho que, como todos os filhos, se cria para o mundo fazer o que quiser dele.


Conformar-me-ei, doravante, em ler apenas os títulos, os textos, todavia, permanecerão incólumes, ilesos a minha leitura autodestrutiva. Pelo menos até que o tempo apague as luzes que nos unem.



[rh.07.01.09.23:58]

ilustração: google imagens.

02/01/2009

TRILOGIA DO ATEÍSMO


O que antes era apenas um texto, tornou-se numa Trilogia do Ateísmo, concebida a custa de horas e mais horas para concatenar em breves linhas de maneira abrangente, todas as minhas convicções que tanta curiosidade traz as pessoas.

Estreando com “Por que você não acredita em Deus?” (a pergunta mais comum) seguido por “...em que você acredita, então?” ( a segunda pergunta mais comum) e, finalizando com “O seu Deus é, realmente, um Deus?” para incendiar as convicções dos menos crédulos, traço numa seqüência lógica e racional todo o aparato argumentativo onde sustento minhas crenças ateístas.

Não sou um estudioso do assunto, e nem é essa minha pretensão, dediquei-me a construção dessa trilogia para meu próprio conforto, pois me custa muito ter de responder a mesma coisa toda vez que essas perguntas são feitas, muitas vezes, nas ocasiões mais impróprias para serem respondidas. Agora, depois de completada a obra, apenas digo pras pessoas acessarem este espaço e lerem o que queriam saber.

[rh.02.01.09.17:57]


imagem: http://rpgmassacre.blogspot.com.br/2012/10/debatendo-ateismo-por-rodolfo-cesar.html

TEXTO 03= “O seu Deus é, realmente, um Deus?”


Por fim, termino eu por perguntar: “O seu Deus é, realmente, um Deus?”

A cada dia tenho mais certeza de que existem muito mais ateus do que as estatísticas afirmam. Digo isso pois converso com diversas pessoas sobre o assunto e, quando pergunto a elas o que é Deus, recebo variadas respostas.

Deus, em suas diversas definições, guarda em si elementos intrinsecamente pertinentes que o caracterizam como tal, tais como: onisciência, onipresença, onipotência, além de ser: juiz infalível, que pune e agracia, fonte de todo o dever moral, detentor de personalidade e humor. Em outras palavras, Deus possui, necessariamente, características humanas, a que se da o nome de Antropomorfismo.

Se você, leitor teísta, não reconhece essas características no Deus em que acredita, saiba que é um ateu em potencial, pois a idéia de Deus implica, obrigatoriamente, no sentimento de temor, respeito e confiança (fé) nas ‘atitudes’ divinas. É preciso ter clara essa distinção, demasiada simples, porem, capaz de abalar as convicções dos desavisados.

Como dito no texto anterior, acredito na Natureza (ou energia vital) que dá origem e fim a tudo, ela se manifesta espontaneamente universo afora. Minhas convicções tem estreitos laços com a Ontologia - parte da Filosofia
que trata da natureza do ser, da realidade, da existência dos entes e das questões metafísicas em geral. A ontologia trata do ser enquanto ser, isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum que é inerente a todos e a cada um dos seres (fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ontologia) – todavia, renego a busca cognitiva a que se propõe a Filosofia. Fernando Pessoa (Poeta português, 1888-1935), dentre as muitas coisas que me ensinou ao longo das minhas leituras, mostrou-me que essa busca é em vão.

Em suma, o antropomorfismo esta presente nos Deuses de todas as religiões, e, nessas circunstancias, para se considerar um teísta, um verdadeiro crente em Deus, é preciso aceitar esse fato, caso contrário, seja bem vindo ao clube dos ateus, ou conforte-se nas cômodas e pobres idéias do Agnosticismo.

Afirmo que o Ateísmo, que esta ganhando cada dia mais adeptos, é condição inegável para a construção de uma sociedade melhor. A História mostra que todos os modelos anteriores falharam, a religião sempre foi fonte de manipulação das massas, muitas guerras foram travadas e muitas pessoas mortas em nome de Deus.


[rh.02.01.09.17:37]

imagem: http://rpgmassacre.blogspot.com.br/2012/10/debatendo-ateismo-por-rodolfo-cesar.html