05/07/2009

Pyramid Song

Esse é um dos meus vídeo-clips favoritos, não apenas por ser do Radiohead (sou suspeito pra falar deles), mas pelo belíssimo trabalho gráfico de animação e de direção do vídeo, que só poderia ser concebido por quem tem uma sensibilidade artistica aguçada.
Num cenário inicial apocalipticamente inóspito, nebuloso e monocromático, o mergulho é como olhar um álbum de fotografia antigo e reviver as emoções daqueles momentos. O mergulho é nostalgia se materializando em ação positiva, indo cada vez mais fundo em busca do que não deveria ter sido perdido. Retorno ao encontro do que não deveria ter sido deixado pra trás.
O cuidado com que o mergulhador tem ao chegar a casa, mesmo estando livre para nadar sobre os obstáculos, fez questão de abrir o portãozinho, como nos velhos tempos, repetir os velhos hábitos, faz parte da viagem. A casa desorganizada com sapatos jogados pela sala, da à nítida impressão de que ali ainda tem vida, pessoas ainda se movimentam por ali, como se tudo fosse muito recente, muito palpável.
O mergulhador ajeita delicadamente a cadeira junto à mesa de jantar, ainda disposta para servir quem tivesse fome, como se as pessoas tivessem prestes a se reunir ao seu redor, como se fosse um dia normal, como se ele não tivesse dúvida de que deveria estar ali.
E, finalmente, a poltrona da sala, um reencontro... Sentir-se novamente protegido, certo de estar em casa e poder relaxar, ao menos por um segundo, gozando do conforto de não precisar chegar a mais nenhum outro lugar. Apenas aproveitando o momento de nãoque fazer mais nada e ter a convicção de que não deveria estar em outro lugar que não aquele.
A plenitude da felicidade, na sua forma mais pura e substancial. Felicidade verdadeira, aquela que aquece por dentro e forma no rosto um sorriso honesto e, na mente, um contentamento permanente, como pequenas luzes colorindo um céu desesperançoso.
Mais impressionante é saber que todo esse texto enorme cabe dentro de apenas uma única frase: “there was nothing to fear and nothing to doubt”.
[rh.05.06.09.19:25]


Pyramid Song (Radiohead)
I jumped in the river and what did I see?
Black-eyed angels swam with me
A moon full of stars and astral cars
All the things I used to see
All my lovers were there with me
All my past and futures
And we all went to heaven in a little row boat
There was nothing to fear and nothing to doubt
I jumped into the river
Black-eyed angels swam with me
A moon full of stars and astral cars
And all the things I used to see
All my lovers were there with me
All my past and futures
And we all went to heaven in a little row boat
There was nothing to fear and nothing to doubt
There was nothing to fear and nothing to doubt
There was nothing to fear and nothing to doubt.

imagem:[http://www.mtv.pt/noticias/Reportagem-Optimus-Alive-12-Dia-3/]
vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=s2VzLn6DMCE

2 comentários:

  1. Grande RH! Cara, belíssimo clip e belíssimo comentário. Muito interessante suas observações, que complementam e interpretam muito bem a psicodélica viagem proporcionada pela animação e "embalada" pela tocante música.

    Já conhecia a canção, que é tocante, mas nunca tinha visto o clip. O Radiohead é brilhante mesmo e os seus clips nunca deixam a desejar.

    Estranhei nos links que vc disponibilizou, que a letra da música indicasse "Flaming Lips" como sendo os autores. Não sabia que se tratava de uma releitura. Pesquisei melhor e descobri que a música é do Radiohead mesmo (só podia, apesar do pessoal do Lips também ser do balacobaco) e que os lábios flamejantes é que vão (ou já foram) gravar.

    Abraços. Obrigado por compartilhar essas pérolas.

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  2. Nossa, obrigado pelo alerta...acredita que nem reparei nesse erro?...é claro que é do Radiohead, somente Thom Yorke poderia escrever uma coisa dessas! rsrs.

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