07/05/2010

BOM DIA!!


Com pelo menos uns dois anos de atraso publico este texto, e o faço para me redimir. Sim, eu, que tantas vezes me julgo entendido e apto a criticar, se o fosse, de fato, teria ouvido Clap Your Hands And Say Yeah pelo menos umas três vezes para digerir o som e formular minhas convicções.

Mas não, quis julgar de imediato, como fazem os tolos, e não deu outra, ele estava lá me esperando. Sim, ele mesmo: o cavalo, me saldando com um caloroso e sorridente: Bom Dia!

Arrependi-me com a mesma rapidez com que fui capaz de dizer que o vocalista Alec Ounsworth era uma porcaria e o som da banda, mediano.

O fato é que Clap Your Hands And Say Yeah é uma excelente banda. Tem um som autêntico, melodioso e divertido. A forma como o Ounsworth canta faz toda a diferença. Certamente não seria tão legal se ele não cantasse da forma tão imprudente com que o faz, tornando o som do grupo inconfundível, onde quer que esteja sendo tocado.

Não me canso de pensar que, se esse mesmo episódio tivesse ocorrido a cinqüenta anos atrás, eu teria cometido a mesma injustiça ao ouvir “The Freewheelin' Bob Dylan” do mestre Dylan, cantando com aquela voz nasalada e desafinada.

Voltando do tempo, dedico créditos também para o tecladista, pois graças a ele as músicas da banda adquiriram uma identidade própria, preenchendo todos os espaços vazios onde a voz de Ounsworth não alcança, e, principalmente, revestindo os sons crus das guitarras e bateria com uma harmonia sofisticada o suficiente para que não se confundissem com o som Indie-Rock dos anos 90 – não que isso seja ruim, frise-se: não vou eu aqui corrigir uma cagada e já deixar outra no lugar.

Enfim, dedico esses escritos ao meu grande amigo Paulo Milra – quem me apresentou a banda - de quem sou fã e com quem sempre aprendo e conheço muitas coisas legais que orbitam na atmosfera insossa desse mundo de coisas iguais.

[rh.06.05.10.01:10]


Eis o vídeo da minha estréia, torço para que os que se arriscarem a ouvir não cometam o mesmo erro que eu cometi: http://www.youtube.com/watch?v=jvw2cf0DJYA&a=YzM2PjyoM0U&playnext_from=ML


imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8iMTb1A-cg_7DzMhLUF9GikpvYAD_cnJQdBMF8n63taiaO-xxbcOYYg9QsmFkZLArLep1h6oJqDU4HvwoUTFUXBPRBuKXi7q8_o3FedokJD9-mNi7a6O8enVfx5VLfWlRlttDIPTQe3k/s400/cavalo.bmp

09/04/2010

31/01/2010

Trip-Hop


ultimamente tenho escutado bastante Trip-Hop, não que isso seja alguma novidade pra mim [pelo contrário], mas é que tomei um gosto especial por esse estilo de música, entende...?!
Pra quem não conhece, Trip-Hop é um tipo de música que nasceu em meados dos anos 80 quando bom músicos - faço questão de repetir: bons músicos! - resolveram misturar, jazz, soul, hip-hop, funk, rock e todas as espécies do gênero eletrônico, com batidas lentas [não mais que 120 por minuto], dando origem a um estilo totalmente autentico e de infinitas possibilidades. Tudo graças à sensibilidade de instrumentistas que souberam aproveitar o que havia de melhor em cada um desses tipos musicais para depois fundi-los.
Além dessa mistura, a música é marcada pela predominância de sons graves, envolvidos por órgãos sintetizados e violinos orquestrados de fundo, perfeito para se adequar vocais harmoniosos e sussurrantes [em sua maioria, femininos] tudo sem abandonar os instrumentos tradicionais como bateria, guitarras e etc. Tudo isso, somado ao ritmo cadenciado, faz com que a musica se torne suave, agradável e relaxante.
O mais interessante é a liberdade que existe para se criar dentro desse estilo, pode-se encontrar desde composições de culto a vida e as coisas belas que nela há, alegradas por ritmos mais pop’s e dançantes, como as do Morcheeba e Hooverphonic; até musicas sobre as angustias da vida moderna, entoadas com acordes destorcidos de guitarras “viajantes” e infinitos, como as do Massive Attack.
Trip-Hop me faz bem porque consigo ouvir por muito tempo, sem enjoar; consigo trabalhar, dirigir, estudar, pensar sem me sentir perturbado, fato que se deve ao ritmo lento das músicas.

Recomendo as seguintes bandas:

- Massive Attack [em primeiro lugar na minha lista]

- Morcheeba [destaque para os vocais]


- Hooverphonic [destaque para os metais]

http://www.youtube.com/watch?v=0cWggYivjh8


- Portishead [pela qualidade das composições]

http://www.youtube.com/watch?v=Vg1jyL3cr60&NR=1



[rh.30.01.10.18:02]

imagem: http://vimeo.com/4552822

13/01/2010

Fernando Pessoa


Minha vida não foi dividida pela infância, adolescência e fase adulta...mas em ‘antes’ e ‘depois’ de Pessoa...sua obra é incondicional. Alberto Caeiro, em especial, é meu guia nessa odisséia sem propósito aparente, que é a vida.


[rh.13.01.10.23:58]


imagem: Pessoa aos 6 anos [fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa]

09/01/2010

Reflexos da Inocência




Belíssimo filme inglês dirigido por Baillie Walsh em 2008. O desenvolvimento da estória não se prende a regra convencional de sempre – acontecimentos e narrativas co-relacionadas que se sucedem numa ordem cronologicamente previsível – e como isso é coisa rara de se encontrar num filme, já recomendo-o aos leitores só por este fato.
Explicando melhor: o filme não se pretende a seqüência manjada do começo/meio/fim, mas é apresentado como um todo, como se a estória estivesse toda ela exposta num mural, particularmente, a vida pessoal do protagonista, encenado por Daniel Craig; suas frustrações, temores e limitações nada mais são do que reflexos de uma época iluminada pela inocência das atitudes adolescentes.
O que mais me agradou nesse filme foi o belíssimo trabalho de edição e, principalmente, Direção Fotográfica. Certamente esse é um dos filmes com a melhor fotografia que já assisti, repleto de cenas belíssimas, algumas ouzo até dizer: perfeitas. Cenas iguais a que o personagem se perde mar adentro boiando sob o manto dourado do crepúsculo, momento tão lindo que não havia maneira de dar prosseguimento sem prejudicá-la, obrigando o diretor à simplesmente encerrar completamente, sem continuidade. Ou ainda, a cena em que os personagens dublam a música "If There Is Something", da banda Roxy Music, considerada, e com razão, como o momento mais marcante e intenso de todo o filme.
Resumindo: um filme triste, com cenas lindas, diálogos suprimidos, poucos acontecimentos, silencioso, mas de grande intensidade emotiva. 

[rh.09.01.10.20:36]


06/01/2010

Chá das Cinco



Com suas vestes incólumes

Sentadas sobre móveis que não respeitam o tempo

O relógio pára às exatas cinco horas

A chama do candelabro

Já queima o resto do dia que sobrou além dos ponteiros

A fumaça do chá fervente

Revela seus temores

Por de trás das jóias reluzentes

Um gole pelos homens

Que talvez nunca voltem do campo de batalha

Outro pelos filhos

A mercê das pestes mortíferas

No fim

Um discreto sorriso

Em homenagem a monarquia



[rh.06.01.10.18:25]

imagem: GAINSBOROUGH, Thomas. Duquesa de Beaufort. Óleo sobre tela, 1770. St. Petersburgo.