31/12/2008

TEXTO 2 = “...em que você acredita, então?”


Ledo engano pensar que apenas com o texto anterior conseguiria liquidar os questionamentos curiosos acerca das minhas crenças (ou falta delas). A única coisa que mudou desde então foi a pergunta, que agora é: “...em que você acredita, então?”

A impressão do vácuo criado pela inexistência de Deus em minha vida, instiga as pessoas a querer saber o que eu “usaria” para preencher esse espaço vazio.

Pois bem, poderia escrever durante horas, páginas e mais páginas para explicar em detalhes sobre isso, mas o tempo é curto e a paciência pra ler menor ainda, então ater-me-ei em breves linhas.

Em benefício do leitor, denominarei o substituto de Deus em minha vida de “energia vital”, e tenha por esta expressão o mesmo valor didático que a palavra “coisa” carrega em seu significado. Também pode ser chamada de Natureza.

Acredito numa energia vital que precede a tudo, ela esta em todas as coisas do universo e é a origem primeira da existência. Não gosto de dizer que ela existe, propriamente dita, pois a idéia de existência limita os espaços, além de abrir margem para oposições. Muito mais apropriado é o verbo “estar”, conjugado na 3º pessoa do Presente do Indicativo - a energia está! – pois tudo que esta subentende preexistência.

A origem dessa energia eu ignoro completamente, pois é algo tão distante e inacessível - muito anterior ao surgimento do planeta terra, quiçá do homem – cuja compreensão provavelmente esta muito além da nossa capacidade cognitiva e/ou sensitiva. Encaro o fato com naturalidade, pra mim basta saber que ela esta em mim e em tudo ao meu redor.

Não existe distinção alguma, todos fazem parte da Natureza, não somos melhores ou mais importantes do que qualquer outro ser vivo ou não vivo.

Qual é o segredo para se ter uma boa vida? A resposta é Equilíbrio, pois tudo em excesso ou escassez é prejudicial, em todas as searas da nossa vida.

Essa máxima tem fundamento justamente porque a Natureza busca sempre o equilíbrio, pois equilíbrio é sinônimo de perfeição. A Natureza é perfeita porque tudo acontece espontaneamente, não existe nada nem ninguém manipulando tudo isso. Ainda que nos deparemos com situações de desigualdade/desequilíbrio é certo que tal evento se deu em contraposição a um outro.

Simplesmente aceito que sou apenas uma partícula microscópica na imensidão do universo, nem mais, nem menos importante que qualquer outra, comungo de tudo que for natural e busco sempre estar em harmonia comigo e com o meio em que vivo.

Estar vivo aqui fazendo parte de tudo isso, podendo contemplar a beleza infinita de todas as coisas, é motivo bastante para meu eterno contentamento.


[rh.31.12.08.11:55]


imagem: http://rpgmassacre.blogspot.com.br/2012/10/debatendo-ateismo-por-rodolfo-cesar.html

2 comentários:

  1. É muito fácil provar a inexistência de um Deus a imagem e semelhança dos homens. Seus textos, apesar de demonstrar, a sua forte crença no ateísmo, são muito curtos para sustentar uma tese tão complexa. Eu tenho minha idéia de DEUS a imagem e semelhança do homem, não como explicado na Bíblia, mas talvez tão forte como sua crença no ateísmo. Apesar de sermos uma minúscula partícula no universo. Isso não significa que estamos sozinhos. Nem que não poderemos algum dia explicar como essa energia que você chamou de vital nos criou. Ainda acredito na nossa própria capacidade de sermos Deuses e criarmos outras formas de vida, ainda mais complexas do que a forma humana. Então, isso é um debate para mais de três crônicas. Além disso, você deixou muito claro que não somos nem melhores nem piores do que nada no universo. E foi preciso vir ao mundo um DEUS ou um profeta para sustentar essa tese. Apesar disso, acredito que no fundo a maioria das pessoas não se acham iguais a qualquer outra, ou se acham superior ou inferior. É só olhar para as relações sociais entre os homens. E para se contruir um mundo melhor e mais justo, não sei se a ciência vai ser capaz de convencer as massas que é preciso amar o próximo como a si mesmo. Mas também não sustento que a religião um dia seja capaz de fazer o mesmo. Essa é uma pergunta que não quer calar? Você tem alguma opinião formada sobre isso?

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  2. Olá amigo blogueiro, você me chamou de teísta, outros me chamam de criacionista. Concordo com você, fui muito infeliz na expressão "provar a inexistência de Deus", mas para quem tem uma formação na área de exatas como eu estamos sempre procurando induzir provas a partir de príncipios. Para um matemático é uma saída provar inexistência quando para ele esse é o caminho mais fácil e mais verossímel, nada errado com a prova. Mas as evidências de que existe um DEUS são mais fortes do que as que indicam que não existe. Por que? Porque, existe um ordem muito clara no universo. Você chamou isso de príncipio vital. Os juristas chama de príncipio ordenador. Esse "príncipio ordenador" seria o próprio DEUS, mas daí não podemos falar de sua forma, nem explicar as suas qualidades intrínsecas. Como não vou postar aqui todos os comentários dos juristas a cerca desse príncipio ordenador, fica uma frase apenas de Einstein: "O mais estranho é que o universo é intelígivel". Einstein pensava exatamente o contrário do que você diz, quando afirma que não podemos ousar conhecer as leis que estão por trás do que é, dos fatos da natureza. Quanto "A beleza é o farol da justiça". Concordo com você, beleza é uma coisa muita subjetiva, assim como justiça também. Apesar disso todo o edifício do nosso Direito Jurídico está fundamentado na noção de Justiça. Somente algumas pequenas correntes doutrinárias, destacando-se ela a de Hans Kelsen, tiram totalmente o valor da justiça do fundamento de uma norma ou lei. No meu texto, eu falo de beleza como resultado final, por isso eu falo de olhos amplos, porque se tivermos uma visão estreita sempre nos prenderemos as exceções e não as regras.

    De qualquer forma, obrigado pelo seu excelente comentário no meu blog.

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