24/04/2013

Decepcionando Bukowski



A vida é um esgoto
Escura e fétida
o nojo de tocar nas paredes é inevitável
Todas as direções parecem levar a um lugar pior
Seguir em frente apenas para não deixar os vermes subirem pelas botas
Bebo até não mais sentir o odor do chorume que molha as roupas
Avançando pelas galerias de água podre
As vezes pra cima, até a luz do sol e o lixo da superfície entrarem bueiro adentro  e  encherem minha boca de ânsia
As vezes pro fundo, mais pra perto dos ratos
Os ratos pelo menos são honestos, querem me roubar e não tentam fingir que não querem
Faço obscenidades para espantá-los, escarro na cara deles
Mas eles já não se importam mais
Roem meus tornozelos necrosados
E lambem minha boca enquanto durmo
Mas quando eu for apenas uma carcaça podre e sem vida
Só os vermes me acolherão



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